domingo, 8 de maio de 2022

O ataque aos zoológicos brasileiros: análise de leis

 

Foto – Entrada do zoológico de São Paulo, o maior da América Latina.

Se alguém achava que o ataque que antes foi perpetrado contra os circos, os rodeios e as vaquejadas não ia com o tempo escalonar e se estender aos zoológicos, pode tirar o cavalinho da chuva. E um dia, uma vez feito o trabalho sujo, isso irá se estender a nossos animais de estimação e a nossos pratos. O que mostra que o Tiririca muito enganado estava na campanha eleitoral de 2010: pior do que está vai ficar, e muito. E assim a “profecia” de Klaus Schwab irá se tornar realidade. Você não terá nada e será feliz sobre isso.

Nos últimos dias, andei lendo na Internet a respeito de projetos de lei que colocam restrições ao funcionamento de zoológicos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ou até mesmo proíbem o funcionamento deles. E fiquei horrorizado ao ler sobre elas.

Fica evidente que no Brasil, assim como em outras partes do mundo, o zoológico está sendo atacado. E é um ataque que virá (na verdade, já vem ocorrendo) de diversas frentes. Uma das frentes será a retirada de animais, por meio de processos no mínimo duvidosos, de zoológicos a santuários (como recentemente tentou-se com o elefante indiano Sandro, do zoológico de Sorocaba – uma batalha que ainda renderá mais rounds, diga-se de passagem). Outra frente, leis proibindo a importação de animais exóticos ao Brasil (algo já vem sendo feito nos Estados Unidos). E outra é por meio de leis como as citadas acima.

Falemos sobre dois desses projetos, um mais antigo e outro mais recente. E escolhi esses dois em específico por causa dos nomes e sobrenomes de seus proponentes, mais o fato de que nesses dois projetos vemos que seus proponentes pertencem a diferentes siglas partidárias. No que corrobora com o que o Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim Isa) disse em um artigo publicado em 2012 e intitulado “Engenharia da complacência”, no qual trata a respeito da questão das campanhas que vêm sendo feitas contra o consumo de tabaco sob o pretexto da saúde pública:

“A escolha do tema foi especialmente ardilosa, visando a seduzir conservadores, evangélicos e moralistas em geral, desarmando-os preventivamente ante quaisquer campanhas subseqüentes baseadas no mesmo modelo e usando a própria força deles para sufocar na “espiral do silêncio” as poucas vozes discordantes”.

E assim figuras dos mais diversos espectros políticos e ideológicos embarcam nessa roubada, sem se darem conta sobre o aonde que tal brincadeira irá levar, inexoravelmente.

Em 2015, tivemos o projeto de lei 650/2015 de autoria da então senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann, atual Presidente do Partido dos Trabalhadores. Um projeto de lei que tramitou no Senado e que sob o pretexto de criar um sistema nacional de proteção e defesa do bem-estar animal irá inviabilizar a existência de zoológicos em cidades interioranas caso um dia venha a ser exumado e aprovado (incluindo o bosque da cidade na qual moro). Em outras palavras, um projeto que pleiteia o fechamento de zoológicos fora das capitais federais. Atualmente, tal projeto de lei se encontra arquivado desde 2018.

Diga-se de passagem, gozado a Narizinho. Ela, com razão, se queixou não poucas vezes (vide postagem no perfil do Twitter dela de 2 de maio do presente ano) dos efeitos que a Operação Lava Jato (na qual ela foi ré junto com seu então marido Paulo Bernardo por suposto recebimento de R$ 1 milhão para a campanha de 2010 para o Senado – posteriormente absolvidos pelo STF), em nome do combate à corrupção e da moralização do país, causou à economia do país por meio da tábula rasa sobre empresas como a Odebrecht, a Petrobrás, a OAS e a Camargo Correa e toda a cadeia produtiva que girava em torno delas, que causaram prejuízos bilionários à economia brasileira e fizeram com que muitas pessoas que antes trabalhavam como engenheiros no setor da engenharia e da construção civil se tornassem motoristas de Uber e/ou entregadores de comida por aplicativos como iFood e outros afins. Até ai tudo bem.

Foto – Gleisi Hoffmann, atual presidente do Partido dos Trabalhadores.

Entretanto, o problema é que ela, em nome do bem-estar animal, não vê que o projeto de lei dela, caso um dia venha a ser desarquivado e aprovado, produzirá efeito análogo ao que a Operação Lava Jato causou à economia brasileira nos trabalhadores de zoológicos do Brasil, muito menos os danos às economias de cidades interioranas. Quantos profissionais que antes trabalhavam em zoológicos como tratadores de animais não será jogados também no Uber e nos iFoods da vida caso um dia esse projeto venha a ser implementado e entre em vigor? (a propósito, o México em 2015 proibiu as apresentações de animais em circos. Nessa brincadeira, muitos circos tradicionais locais fecharam as portas e um grande morticínio de animais se seguiu. 80% deles faleceram. E fico imaginando comigo mesmo, quantos profissionais que antes trabalhavam no circo também não foram jogados no Uber ou nos iFoods da vida por causa dessa brincadeira toda do Partido Verde local e dos zelotes dos direitos animais locais?).

Resumindo a ópera: ela é contra o lavajatismo quando ele atinge o PT por meio de procedimentos jurídicos no mínimo questionáveis, ou mesmo quando afeta seriamente a economia brasileira, em setores de alto valor agregado como a engenharia e a construção civil. Mas atua de forma lavajatista (ou seja, no sentido de fazer tábula rasa de atividades econômicas sem levar em consideração o prejuízo econômico e as perdas de empregos que isso invariavelmente gera) quando o assunto são os zoológicos. Pelo visto, coerência não é o forte da Narizinho...

A outra dessas leis é a lei nº 17321/19, de São Paulo, de autoria do tucano Xexéu Tripoli, que foi aprovada pelo então prefeito Bruno Covas. Tal lei não apenas prevê a proibição da captura de animais na natureza, a proibição da reprodução dos animais em cativeiro e a eliminação progressiva da exposição de animais ao público, como também estabelece que zoológicos e aquários não sejam mais instalados em São Paulo e que os existentes fiquem fechados ao público para o descanso dos animais por pelo menos dois dias (embora alguns dos artigos do projeto original tenham sido vetados antes de a lei ser aprovada).

Essa lei foi escolhida pelo fato de que ela foi proposta por um político da família Tripoli, cujo sobrenome vem aparecendo há tempos em iniciativas contra os circos, os rodeios, as vaquejadas e agora contra os zoológicos.

Se essa lei em questão (assim como as demais) não é uma iniciativa para depenar gradativamente o zoológico de São Paulo para que um dia ele seja fechado, não sei o que mais é. Sinceramente.

Por que pelas falas de Xexéu Tripoli, percebe-se que nas entrelinhas ele diz o seguinte: que zoológico legal não tem animal. Quando estamos falando de políticos como ele, ou mesmo de pessoas como a Luísa Mell, temos que nos ater ao que eles dizem nas entrelinhas. Geralmente, eles dizem isso debaixo de um discurso verborrágico que, à primeira vista, parece lindo de se ouvir. Mas é como diz o velho ditado: de boas intenções o inferno está cheio.

Foto – Folhetim eleitoral de Xexéu Tripoli para as eleições de 2020. Claramente se apresentando como defensor de animais.

É como o Vágner Ávila disse certa vez na página “zoológicos do Brasil” em postagem de 2020. Se depender de pessoas como ele e a Luísa Mell, só nascerão em São Paulo pombos, ratazanas e cães e gatos de rua. Ou seja, só animais repulsivos e nojentos dos quais as pessoas querem o máximo de distância possível.

O senhor Tripoli também disse o disparate de que é possível substituir os atuais modelos existentes por similares digitais. Mas como ele quer que uma pessoa crie empatia com o animal tendo contato não com um animal de verdade, mas com animais em formas de hologramas tecnológicos? Impossível. Pois se lermos as histórias de vida de grandes conservacionistas, como o finado Steve Irwin, nós percebemos que estes tinham alguma forma de contato com animais. E com animais reais, não virtuais.

Pelas entrelinhas, o discurso de pessoas como o Xexéu Tripoli deixa subentendido que ele é a favor de uma espécie de apartheid entre homens e animais. Do jeito que os donos do poder mundial, do alto de projetos de controle e engenharia social como os infames Grande Reset e Agenda 2030, gostam e almejam.

E ai eu pergunto: antes, essa gente falava que “circo legal não tem animal”. Hoje, eles já começam a falar (ainda que nas entrelinhas, pelo menos por enquanto) que “zoológico legal não tem animal”. E lá na frente, quem não me garante que eles não vão começar a dizer que “fazenda legal não tem animal”, ou mesmo que “casa legal não tem animal”? E o que é pior: com uma turba fanatizada batendo palmas para tais propostas, não se dando conta do real propósito de toda essa política e que um dia eles podem ser a próxima bola da vez?

E é sempre assim. Eles sempre evocam inúmeros pretextos para levar adiante seus projetos de engenharia e controle e social e assim estabelecer legislações cada vez mais draconianas sobre nós. Na questão do cigarro e da bebida alcoólica, evocam questões de saúde pública; na questão do idioma, primeiro evocaram questões de racismo e discriminação a minorias ao dizerem que é errado chamar favela por seu próprio nome, ou de usar palavras e expressões como denegrir e “a coisa está preta”, e agora evocam homofobia e transfobia para justificar a introdução de um gênero neutro inexistente no português (gênero esse que é usado para se referir a coisas e objetos nos idiomas que o usam, como o alemão, o inglês e o russo); o bem-estar dos animais nas campanhas contra circos, rodeios, vaquejadas, zoológicos e outros estabelecimentos que usam animais. Entre tantos outros exemplos que aqui podem ser listados.

Será que por trás de projetos como o de Xexéu Tripoli não há interesses maiores? Como, por exemplo, interesses de um dia livrar-se de zoológicos e aquários para que atividades como a especulação imobiliária tomem conta desses espaços? Algo similar ao que foi feito na Cracolândia depois da ação levada adiante pelo então prefeito João Doria, em 2017? Reiterando que isso se trata de uma especulação de minha parte.

Recentemente, tomei conhecimento a respeito do trabalho da adestradora de grandes felinos Felicia Frisco, dos Estados Unidos. Ela se tornou famosa, entre outras coisas, por tirar uma foto deitada em uma cama ao lado de um tigre em 2011. Por conta disso, ela foi submetida à época a um verdadeiro linchamento virtual nas redes sociais.

No perfil do Facebook dela, em uma postagem feita em 2012, ela postou a seguinte imagem, na qual ela está ao lado de um de seus tigres:

Foto – Felicia Frisco ao lado de um de seus tigres de estimação, sobre o que ela mais odeia. Foto de 2012.

Nessa imagem, ela traz a seguinte mensagem: “O que eu mais odeio? Tendo que viver com medo de que alguém em algum lugar irá tentar e passar uma lei para tirar tudo o que você ama”.

Em minha humilde opinião, essa situação sobre a qual a adestradora de grandes felinos fala é execrável. Entretanto, eu discordo em partes dela. Pois para mim há algo ainda mais execrável e abominável: o mais execrável e abominável de tudo não são essas leis (como a do Xexéu Tripoli e outros políticos da laia dele) por si mesmas, mas as pessoas que batem palmas para esse tipo de lei e ainda por cima acham isso lindo. Sem se dar conta de que elas podem ser as próximas a serem atingidas por leis desse tipo.

Essas pessoas são que nem o Mussum em um quadro antigo dos Trapalhões, no qual ele e o Dedé estão em um consultório. Uma recepcionista aparece, dizendo para os dois esperarem só um minuto para serem atendidos. Mussum esbraveja, dizendo que ninguém lhe perguntou nada. Dedé, segurando um jornal nas mãos, questiona o mau humor de Mussum e uma discussão entre os dois começa. Dedé se queixa dos recentes aumentos dos preços de produtos. Algo que Mussum aprova, sempre dizendo ao final de suas falas que “O governo está certis”. Até que ele fica sabendo por meio de Dedé que o mesmo governo também aumentou o preço da cachaça (que o Mussum carinhosamente chama de mé). Ai o Mussum começa a maldizer o mesmo governo ao qual ele até então batia palmas.

E um desses Mussums da vida, pelo que eu vejo, é o Ary Borges, criador paranaense que se notabilizou por ter criado tigres no quintal da própria casa no começo dos anos 2010. Recentemente, visitei o perfil dele no Facebook, e vi uma postagem dele do ano retrasado na qual ele endossa iniciativas e projetos de leis dos irmãos Tripoli de proibir não apenas os circos com animais, como também rodeios e vaquejadas. Ou seja, percebe-se que ele não aprendeu nada do incidente no qual o IBAMA visitou a casa dele em 2014 e confiscou todos os tigres dele.

Hoje ele bate palmas para os irmãos Tripoli por eles proibirem animais em circos e por quererem proibir animais também em rodeios e vaquejadas. Mas o que ele irá achar na hora em que, por exemplo, os mesmos irmãos Tripoli ou algum político da mesma laia deles resolverem dobrar a aposta e passar uma lei na qual a exportação de animais exóticos ao Brasil (ou seja, algo similar ao projeto de lei Usark – sobre o qual falaremos de forma mais detalhada em uma postagem em separada) seja proibida e que o impossibilite de que um dia ele volte a trabalhar com grandes felinos ou qualquer outro animal selvagem? Não estou aqui para mudar a opinião dele a respeito dessas atividades. Apenas quero que ele pare de ficar aplaudindo esse tipo de lei (que inevitavelmente escalona, e inevitavelmente o atingirá de alguma forma).

Pois se hoje um dos irmãos Tripoli diz nas entrelinhas que zoológico legal não tem animal, o que dirá do canil de grandes felinos como o que ele tinha há muitos anos.

Foto – Ary Borges.

Fontes:

Ações de Dória abrem caminho para o Mercado imobiliário. Disponível em: Ações de Doria na Cracolândia abrem caminho para o mercado imobiliário - CartaCapital

80% of the animals “rescued” from circuses died after Mexico Green Party bill became law (em inglês). Disponível em: 80% of the animals “rescued” from circuses died after Mexico Green Pary bill became law - The Mazatlan Post

Engenharia da complacência. Disponível em: Engenharia da complacência – SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA (olavodecarvalho.org)

Gleisi Hoffmann: “Lava Jato destruiu a economia e se transformou em uma farsa”. Disponível em: UOL Notícias - Gleisi Hoffmann: "Lava Jato destruiu a economia e se transformou em uma farsa" | Facebook

Projeto de lei do Senado nº 650, de 2015. Disponível em: PLS 650/2015 - Senado Federal

Prefeito de São Paulo sanciona lei que proíbe a abertura de novos zoológicos. Disponível em: Prefeito de SP sanciona lei que proíbe abertura de novos zoológicos | Agência Brasil (ebc.com.br)

Projeto de lei prevê fim dos zoológicos de interior. Disponível em: Projeto de lei prevê fim dos zoológicos de interior - YouTube

Projeto de lei prevê o fim de zoológicos em cidades que não sejam capitais. Disponível em: Projeto de lei prevê o fim de zoológicos em cidades que não sejam capitais - Jornal de Pomerode

Projeto de lei quer acabar com zoológicos de cidade de interior. Disponível em: Projeto de lei quer acabar com zoológicos de cidades do interior - YouTube

Projeto que proíbe novos zoológicos e aquários em São Paulo é aprovado. Disponível em: Projeto que proíbe novos zoológicos e aquários em São Paulo é aprovado - Câmara Municipal de São Paulo (saopaulo.sp.leg.br)

Pronunciamento de Gleisi Hoffmann em 07/12/2017. Disponível em: Pronunciamento de Gleisi Hoffmann em 07/12/2017 - Pronunciamentos - Senado Federal

domingo, 1 de maio de 2022

Direitos animais moderados (texto traduzido do inglês + comentários meus)

 

Martin Clunes se junta à crescente lista de celebridades que pensaram que Direitos Animais não iriam tocá-los enquanto eles ajudassem a causa deles.

Direitos Animais moderados estão ao nosso redor. Na maioria dos casos, é uma forma cínica de sinalização de virtude. Celebridades e pessoas no mundo animal são tentadas por isso. A ideia é que se você dá algum terreno a ideólogos (em oposição a apenas ficar com o bem-estar animal progressivo com base na ciência) eles irão ou deixa-lo em paz ou ajudar a promover sua imagem pública. O problema é que a ideologia dos direitos animais é uma causa inevitavelmente extremista e uma vez que você entrou nela você irá perceber que é muito difícil para justificar meias medidas. Além disso, você irá se encontrar em uma realidade maluca que você ajudou a promover.

Piers Morgan: Durante seu tempo como editor do jornal britânico Mirror ele conduziu uma campanha apoiada pelos direitos animais contra animais nos circos. Desde então ele fez um argumento descarado à emoção contra a comunidade de caçadores, a despeito de seu provado registro conservacionista. Agora ele se encontra exasperado pela onda de veganismo de tendência sendo empurrado pelos convidados de seu show e outras celebridades.

Chris Packham: Sua carreira praticamente cresceu trabalhando em programas televisivos que usavam animais treinados por treinadores de circos. Destes dias (e até o presente) ele trabalhou junto de apresentadores televisivos que alegremente trabalharam com treinadores das mesmas raízes. O parceiro de seu pai esteve entre estes treinadores e amigos próximos com Mary Chipperfield. Packham decidiu impulsionar sua carreira com uma reputação sobre ser algo como um ativista pelos animais.

Indo um pouco como seu pai em uma discoteca, Packham foi atrás de todos os alvos do momento.

Este ano ele encerrou tudo ao ir com a moda vegana do momento durante o “Veganuary”. Foi uma manobra assustadora com Packham dizendo que ele tinha amigos da fazenda e ele tinha esperança de que isto poderia mudar mais fazendas para melhorar os padrões de bem-estar delas. Não, Chris, eu não achou que os fazendeiros irão agradecê-lo muito por popularizar o veganismo. Entretanto, tão logo ele mesmo declarou-se vegano ele alegou que foi contatado por “ultra-veganos” que o chamaram de “estuprador de vacas”, criticaram sua posse de animais de estimação, criticaram o fato de que ele come mel (um pecado clássico em círculos veganos) e criticaram o fato de que ele veste couro.

Jamie Oliver: Este chefe de cozinha da TV foi um saltador de onda clássico. Ele ingenuamente abraçou a tendência vegana como qualquer outra causa sinalizadora de virtude que ele fez no passado. Ele estava nisso cinco anos antes de Packham, o que é muito embaraçoso para querido e velho Christopher, que fez da ideologia de direitos animais moderados como parte de sua identidade pública. Oliver abraçou o “Mês Vegano Mundial” antes de existir o Veganuary[1].  Desde então ele dedicou um episódio inteiro de seu programa de TV ao veganismo e fez questão de atendê-los.

O problema é que Jamie Oliver não é um vegano. Ele é um chefe de cozinha que tem muitos restaurantes e apresenta programas de culinária convencionais que têm uma base esmagadoramente grande de clientes não vegetariana (ainda mais não vegana). Prover opções veganas não é o bastante para a mentalidade dos direitos animais. Resultado: recentemente o restaurante italiano de Jamie Oliver foivisado e assediado por manifestantes pelos direitos animais. Eles não se importam se você oferece opções veganas, Jamie. De qualquer modo, como vai o negócio dos restaurantes?

Sea World: Em uma desesperada tentativa de remediar o estrago causado pelo filme de propaganda pelos direitos animais “Blackfish”, O novo CEO do SeaWorld, Joe Manby, decidiu fazer um pacto com o diabo na forma da Humane Societyof the United States (HSUS). Manby realmente pensou que eles poderiam apaziguar a HSUS ao interromper com o programa de criação de orcas do Sea World e permitindo ao HSUS a lucrar por meio de seus parques.

O resultado é que o grupo pelos direitos animais de forma descarada retrata o Sea World como se fosse a puta deles, explicando que isso é apenas o começo do que irá acabar com o Sea World não tendo mais animais. Como se isso não fosse o bastante, o PETA e outros grupos pelos direitos animais não obtiveram o pedaço do bolo deles quando a HSUS fez o acordo, para que pudessem atacaram alegremente como antes.

O resultado final foi que Joe Manby deixou o cargo de CEO do Sea World em 27 de fevereiro de 2018 depois que a companhia aparentemente não melhorou os lucros dela apesar do apaziguamento com a indústria dos direitos animais.

Steve-O: A antiga estrela de Jackass que fez todas as 10 maiores celebridades hipócritas anti-circo percebeu que mesmo ele não podia lidar com a loucura com a qual ele se alinhou e agora ele não é mais oficialmente um vegano.

Apesar de fazer uma série de coisas questionáveis com animais que poderia enfurecer qualquer apoiador do bem-estar animal que se preze, Steve-O decidiu fazer vídeos para o PETA atacando o Ringling Brothers Barnum and Bailey Circus e uma vez que a onda arrefeceu, alegremente pulou para a onda anti-Sea World – onde ele foi preso por encenar um protesto bem estúpido.

Ele também de forma entusiástica aderiu a toda tendência de celebridade vegana com vigor. Entretanto, ele não estava pronto para veganos questionando seu status de vegano e o atacando verbalmente por não alimentar os gatos dele com uma dieta vegana assim como claramente falhar em sua própria dieta. Steve-O protestou nasmídias sociais dizendo que eles eram “combativos” e prejudicando a causa deles.

Previsivelmente ele recebeu pouca simpatia:

Um disse:

“Você protestou no Sea World mano. Você sabe que os peixes são sencientes e sentem dor como nós. Eles querem apenas viver como nós. Como um ativista pelos direitos animais vegano eu não vou voltar atrás. Isto não faz de mim ou qualquer outra pessoa combativa, mas isto mostra que nós temos a compaixão que você parece carecer“... “Aonde foi a tua compaixão? Parece que em sua postagem chamando os veganos e mensagens entre você e um dos meus amigos fazem de você Steve o combativo.” ... “É sobre ANIMAIS, não sobre pessoas e seus modos egoístas e egocêntricos”, outro disse.

"Vamos lembrar-nos das vítimas REAIS aqui, aqueles que são mortos sem sentido sem uma boa razão”.

Com mais uma afirmação:

"Você deveria dar um passo para trás e pensar sobre o fato de que agora você está discutindo ao lado do abuso animal... É genuinamente nojento o quanto você está desesperado para se desviar do fato de que você está completamente relutante em parar de abusar de animais por causa de suas experiências de gosto e conveniências”.

PetSmart: A gigante do varejo de suprimentos para animais de estimação PetSmart realmente pensou que eles estavam à frente da curva quando eles se juntaram ao movimento pelos direitos animais ao atacar os criadores de animais de estimação.  A PetSmart, a despeito de seu nome, promoveu a adoção em detrimento da compra de cães e gatos. Ela advogou o mantra “adote não compre” que viu muitos criadores de animais respeitáveis e dignos sendo injustamente agrupados com os parentes nefastos distantes deles. A companhia aparentemente até reuniu-se com organizações como HSUS e PETA para ajudar a definir o palavrão para criador de animais. Entretanto, tais estratégias de conciliação não deram certo com o PETA que de forma resoluta atacou a cadeia desde o começo dos anos 2000 até os dias atuais. Eles visaram tudo sobre o que a PetSmart faz, mas suas campanhas recentes têm sido focadas em suas vendas a varejo de vários animais. PetSmart agora está processando o PETA por suas táticas secretas e encobertas que se assemelham a táticas que foram vistas antes no mundo do circo.

Martin Clunes: Martin Clues, tal qual Chris Packham, é uma dessas celebridades que realmente pensaram que ele poderia ter seu bolo não-vegano e comê-lo na frente de seus camaradas dos direitos animais. Clunes, um ator que fez sua carreira do teatro ao sucesso do sitcom televisivo mainstream por meio de um papel desonesto em Dr Who e amizade com Harry Enfield, tornou-se um patrono da Born Free Foundation quando ele estava em sua ascensão cômica com o popular sitcom britânico “Men Behaving Badly”.

A caridade escolheu ignorar as várias aparições públicas de Clunes com animais treinados. Muitos dos vários dramas em que ele trabalhou desde que saiu de “Men Behaving Badly” têm requerido que ele trabalhe próximo a animais treinados, supridos por treinadores de animais britânicos bem conhecidos. Ele teve um pequeno problema em ser parte de feiras agrícolas em sua Dorset nativa, que ele entusiasticamente comparecia e regularmente apresentava uma série de apresentações animais. Estes eram principalmente animais domésticos e, portanto não estavam na mira dos melhores amigos para sempre, mas ainda assim isto é claramente contra a ideologia dos direitos animais que é parte da filosofia da caridade.

Clunes narrou e apareceu em um documentário de 2000 chamado “Born to be Wild” (Nascido para ser selvagem), que é um anúncio digno de vergonha para a Born Free Foundation. O filme mostra as tentativas desajeitadas e mal gerenciadas da beneficência na criação de animais enquanto tenta realocar um elefante de 26 anos na natureza. Depois de muitas tentativas embaraçosamente ruins para mover um elefante o exército de funcionários recorre a drogar o elefante e fica no entorno acertando a pobre criatura com paus com a intenção de fazê-la cair. Clunes usa uma tática de refutação inicial na narração “Parece cruel, não é?” antes de explicar que esta é a melhor forma de um animal ser movido de forma segura. A ironia aqui é que bons treinadores de animais saberiam como mover o animal com o mínimo ou mesmo nenhum stress e sem ter de recorrer ao risco de uma anestesia geral. Sem dúvida, isto é parte do argumento de Bem-Estar Animal pelas mãos no treinamento de animais em cativeiro, mas eu digressiono.

Em 2019 parecia que Clunes era um hipócrita pelos direitos animais moderados. Ele era a celebridade de mais alto perfil de um dos grupos pelos direitos animais mais estabelecidos e socialmente aceitos, uma instituição que foi criada com base um filme envolvendo animais selvagens treinados. No entanto, ele alegremente treinou com animais treinados em eventos ao vivo, TV ou filmes. Entretanto, ele estava prestes a levar as coisas ainda mais longe. Em maio ele apareceu em um episódio da série da ITV “My Travels and Other Animals” (Minhas viagens e outros animais) tomando parte em passeios turísticos de elefante. Passeios de elefante, se Clunes esteve prestando atenção, são um alvo regular dos grupos pelos direitos animais. Isto não é algo que um melhor amigo para sempre poderia prontamente ignorar, mesmo se Clunes pensou que ele poderia tentar o velho truque de refutação que funcionou no documentário dos melhores amigos pra sempre 19 anos antes, “Eu não tenho certeza se essa é uma ocupação adequada para o maior animal terrestre no planeta”. Eles pouco se importaram para a justificativa razoável do ator para passeios de elefantes e que isto é “uma vida mais amável que carregar toras pesadas”. Eles largaram o patrono deles como um carvão em brasa com o diretor executivo emitindo a declaração: “Nós podemos confirmar que, com muito arrependimento, Martin Clunes não é mais um patrono. Born Free sempre se opôs à exploração de animais selvagens de cativeiro para o entretenimento e interações humanas, incluindo elefantes de passeio”.

Como Clunes recua para a obscuridade, conspícuo por sua falta de comentário após anos sendo usualmente tão vocal nos ataques aos alvos dos melhores amigos para sempre, a imprensa online garantiu que o nome dele seja regularmente ligado a este incidente. Olhando para o enxame de comentários peçonhentos contra ele nas mídias sociais, talvez ele irá perceber o tipo de maldade irracional que ele ajudou a provocar no passado.

Quem é o próximo? 

O diretor de filmes James Cameron decidiu agir como o defensor vegano estereotipado e contar ao mundo sobre sua escolha alimentar. Cameron supostamente converteu-se ao veganismo cerca de sete anos atrás. Desde o ano passado ele vem discutindo um novo documentário chamado “The Game Changers” que analisa atletas que se converteram ao modo de vida vegano. Um teaser foi lançado e encabeçando a lista surpreendente de novos veganos estava ninguém menos que o velho companheiro de Cameron e estrela de seus filmes O Exterminador, Arnold Schwarzenegger. Schwarzenegger foi uma das maiores e mais bem pagas estrelas do cinema. Ele foi sete vezes campeão do Mister Olympia nos anos 1970 e desde então se candidatou como um político bem-sucedido. Durante seu período como o 38º governador da Califórnia Schwarzenegger desempenhou um ato de equilíbrio interessante. Ele era o ambientalista do Partido Republicano. Após deixar a política profissional ele de forma incompreensível tem sido crítico das políticas ambientais do atual presidente Republicano, Donald Trump (e quase todo o resto). Em 2014 Schwarzenegger apareceu no “Epic Meal Time Cooking Show” para criar um sanduíche de 80 mil calorias de bife e ovos.

Avançando alguns anos e Arnie tem sido visto vestindo camisetas com a palavra “Vegan” estampada nelas e clipes o mostram dizendo aos espectadores que é uma mentira que eles precisam comer carne para crescer músculos. Isto a despeito do fato de que durante toda a carreira de Arnold como um fisiculturista, levantador de peso e ícone cinematográfico que foi largamente construída sobre seu físico musculoso ele estava embalando muita carne junto com a ajuda artificial esperada. Quando os céticos apareceram, Arnie imediatamente retrocedeu. Acontece que não apenas ele não é um vegano, ele nem mesmo é um vegetariano ou mesmo um piscatariano. Ele provavelmente cabe em um título que deveria ser o redentor de todos os direitos animais moderados: o Flexitarian (ou Reductionarian). Este ainda está tendo alguns programas lançados por que – surpresa, surpresa – aqueles que estão empurrando a agenda vegana com todo o poder deles não irão fechar qualquer tipo de compromisso.

Astley’s legacy foi formada para contrapor-se à desinformação e propaganda espalhada pelos ativistas dos direitos animais. Como também lutar pelos animais de circos e pelos treinadores deles, nós estamos aqui para promover e celebrar a herança cultural do circo em geral, e especialmente no país de seu nascimento – Grã Bretanha. Para mais informações veja nosso grupo no Facebook:

Fonte:  Astley's Legacy - Animal Circus Facts and Fiction: Soft Animal Rights: Appeasement of an animal-apartheid ideology (circusthetruth.blogspot.com)

MEUS COMENTÁRIOS:

Lembram-se da J. K. Rowling, a autora de Harry Potter? Pois bem, durante muito tempo ela foi uma das grandes musas dos lacradores de plantão. Até que, certa hora, ela foi picada pela cobra que ela mesma alimentou nesse tempo todo. Em 2020 ela foi cancelada nas redes sociais por um grupo de justiceiros sociais de plantão sob a alegação de ser transfóbica e ofensas afins ao dizer que apenas mulheres menstruam e que outrora havia um termo específico para as pessoas que menstruam.

À época, cancelaram-na atores que fizeram parte dos filmes de Harry Potter e interpretaram personagens importantes neles, entre eles a Emma Watson (Hermione), Rupert Grint (Ronald Weasley) e Daniel Radcliffe (o próprio Harry Potter). Será que eles não se tocam do fato de que um dia eles podem ser os próximos cancelados da vez?

Foto – J. K. Rowling, a criadora da saga Harry Potter.

Outra que também andou dando endosso a esse tipo de pauta é a historiadora brasileira Lilia Schwarcz, autora de obras a respeito do Período Imperial Brasileiro (1822 – 1889) e da Primeira República (1889 – 1930). Entre outras coisas, a historiadora andou batendo palma em vídeos mais antigos no canal dela no You Tube a certos malabarismos linguísticos sob o pretexto do combate ao racismo. Até que em 2020 ela foi cancelada depois de tecer críticas em um artigo na Folha de São Paulo a um clipe da Beyoncé. E, a julgar pelo conteúdo do último vídeo dela a respeito do descobrimento do Brasil (no qual ela, entre outras coisas, não leva em consideração que durante o período colonial brasileiro era comum os indígenas se aliarem aos portugueses contra outros indígenas e que o indígena foi uma parte ativa no processo de colonização da América Portuguesa – e assim endossando uma visão politicamente correta da história do Brasil) ela ainda não aprendeu a lição que deveria ter aprendido há muito tempo.

Isso faz lembrar-me de um episódio recente do desenho South Park. Mais precisamente, um episódio das temporadas mais recentes, o sétimo episódio da temporada 23, “Board Girls” (“Meninas na mesa”, na versão brasileira), que aborda a questão dos transexuais no esporte feminino. Nesse episódio, salta aos olhos o seguinte fato: de que aparece uma família (mais precisamente, um casal heterossexual) que batia palmas para esse tipo de coisa. A ponto de achar maravilhoso, em nome da inclusão de minorias e da diversidade, a presença de atletas transexuais no esporte feminino. Mas, na medida em que o episódio transcorre, os mesmos começam a se dar muito mal e a serem picados pela mesma cobra que eles mesmos alimentaram nesse tempo todo.

South Park - Temporada 23, Ep. 7 - Meninas na Mesa - Episódio Completo | South Park Studios Brazil

E com pautas como direitos animais e veganismo a situação se repete da mesma maneira, como vimos nos casos citados acima. Basta alguém discordar da cartilha dos zelotes desses movimentos, por menor que seja a discordância em questão, que você é descartado e cancelado por eles.

A propósito, esses dias, navegando pelo Facebook, descobri a respeito da existência da página “Tripoli, você não tem o meu voto”. Os irmãos Tripoli (Ricardo e Roberto), nos últimos anos estiveram envolvidos em projetos de lei proibindo o uso de animais em circos, rodeios e vaquejadas. Tiveram sucesso com o primeiro, mas com os dois últimos não. A página em questão critica os irmãos Tripoli não por eles serem promotores da agenda dos direitos animais no Brasil e toda a mazela que isso vem trazendo, mas pela falta de radicalismo da parte deles. No fim das contas, isso é o que eles ganham por levarem adiante a agenda deletéria que eles mesmos vêm promovendo esse tempo todo.

NOTA:


[1] Evento iniciado em 2014 e fundado por Jane Land e Matthew Glover, que ocorre na Inglaterra anualmente em janeiro e organizado por uma organização não governamental britânica que promove o estilo de vida vegano.

O ataque aos zoológicos brasileiros: análise de leis

  Foto – Entrada do zoológico de São Paulo, o maior da América Latina. Se alguém achava que o ataque que antes foi perpetrado contra os ci...