Foto – Entrada do
zoológico de São Paulo, o maior da América Latina.
Se alguém achava que o ataque que antes foi perpetrado
contra os circos, os rodeios e as vaquejadas não ia com o tempo escalonar e se
estender aos zoológicos, pode tirar o cavalinho da chuva. E um dia, uma vez
feito o trabalho sujo, isso irá se estender a nossos animais de estimação e a
nossos pratos. O que mostra que o Tiririca muito enganado estava na campanha
eleitoral de 2010: pior do que está vai ficar, e muito. E assim a “profecia” de
Klaus Schwab irá se tornar realidade. Você não terá nada e será feliz sobre
isso.
Nos últimos dias, andei lendo na Internet a respeito de
projetos de lei que colocam restrições ao funcionamento de zoológicos em
cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ou até mesmo proíbem o
funcionamento deles. E fiquei horrorizado ao ler sobre elas.
Fica evidente que no Brasil, assim como em outras partes do
mundo, o zoológico está sendo atacado. E é um ataque que virá (na verdade, já
vem ocorrendo) de diversas frentes. Uma das frentes será a retirada de animais,
por meio de processos no mínimo duvidosos, de zoológicos a santuários (como
recentemente tentou-se com o elefante indiano Sandro, do zoológico de Sorocaba –
uma batalha que ainda renderá mais rounds, diga-se de passagem). Outra frente,
leis proibindo a importação de animais exóticos ao Brasil (algo já vem sendo
feito nos Estados Unidos). E outra é por meio de leis como as citadas acima.
Falemos sobre dois desses projetos, um mais antigo e outro
mais recente. E escolhi esses dois em específico por causa dos nomes e
sobrenomes de seus proponentes, mais o fato de que nesses dois projetos vemos
que seus proponentes pertencem a diferentes siglas partidárias. No que
corrobora com o que o Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim Isa) disse
em um artigo publicado em 2012 e intitulado “Engenharia da complacência”, no
qual trata a respeito da questão das campanhas que vêm sendo feitas contra o
consumo de tabaco sob o pretexto da saúde pública:
“A escolha do tema foi especialmente ardilosa, visando a seduzir
conservadores, evangélicos e moralistas em geral, desarmando-os preventivamente
ante quaisquer campanhas subseqüentes baseadas no mesmo modelo e usando a
própria força deles para sufocar na “espiral do silêncio” as poucas vozes
discordantes”.
E assim figuras dos mais diversos espectros políticos e
ideológicos embarcam nessa roubada, sem se darem conta sobre o aonde que tal
brincadeira irá levar, inexoravelmente.
Em 2015, tivemos o projeto de lei 650/2015 de autoria da
então senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann, atual Presidente do Partido dos
Trabalhadores. Um projeto de lei que tramitou no Senado e que sob o pretexto de
criar um sistema nacional de proteção e defesa do bem-estar animal irá
inviabilizar a existência de zoológicos em cidades interioranas caso um dia
venha a ser exumado e aprovado (incluindo o bosque da cidade na qual moro). Em
outras palavras, um projeto que pleiteia o fechamento de zoológicos fora das
capitais federais. Atualmente, tal projeto de lei se encontra arquivado desde
2018.
Diga-se de passagem, gozado a Narizinho. Ela, com razão, se
queixou não poucas vezes (vide postagem no perfil do Twitter dela de 2 de maio
do presente ano) dos efeitos que a Operação Lava Jato (na qual ela foi ré junto
com seu então marido Paulo Bernardo por suposto recebimento de R$ 1 milhão para
a campanha de 2010 para o Senado – posteriormente absolvidos pelo STF), em nome
do combate à corrupção e da moralização do país, causou à economia do país por
meio da tábula rasa sobre empresas como a Odebrecht, a Petrobrás, a OAS e a
Camargo Correa e toda a cadeia produtiva que girava em torno delas, que
causaram prejuízos bilionários à economia brasileira e fizeram com que muitas
pessoas que antes trabalhavam como engenheiros no setor da engenharia e da construção
civil se tornassem motoristas de Uber e/ou entregadores de comida por aplicativos
como iFood e outros afins. Até ai tudo bem.
Foto – Gleisi Hoffmann, atual presidente do Partido dos Trabalhadores.
Entretanto, o problema é que ela, em nome do bem-estar
animal, não vê que o projeto de lei dela, caso um dia venha a ser desarquivado
e aprovado, produzirá efeito análogo ao que a Operação Lava Jato causou à
economia brasileira nos trabalhadores de zoológicos do Brasil, muito menos os
danos às economias de cidades interioranas. Quantos profissionais que antes
trabalhavam em zoológicos como tratadores de animais não será jogados também no
Uber e nos iFoods da vida caso um dia esse projeto venha a ser implementado e
entre em vigor? (a propósito, o México em 2015 proibiu as apresentações de animais
em circos. Nessa brincadeira, muitos circos tradicionais locais fecharam as
portas e um grande morticínio de animais se seguiu. 80% deles faleceram. E fico
imaginando comigo mesmo, quantos profissionais que antes trabalhavam no circo
também não foram jogados no Uber ou nos iFoods da vida por causa dessa
brincadeira toda do Partido Verde local e dos zelotes dos direitos animais
locais?).
Resumindo a ópera: ela é contra o lavajatismo quando ele
atinge o PT por meio de procedimentos jurídicos no mínimo questionáveis, ou
mesmo quando afeta seriamente a economia brasileira, em setores de alto valor
agregado como a engenharia e a construção civil. Mas atua de forma lavajatista
(ou seja, no sentido de fazer tábula rasa de atividades econômicas sem levar em
consideração o prejuízo econômico e as perdas de empregos que isso
invariavelmente gera) quando o assunto são os zoológicos. Pelo visto, coerência
não é o forte da Narizinho...
A outra dessas leis é a lei nº 17321/19, de São Paulo, de
autoria do tucano Xexéu Tripoli, que foi aprovada pelo então prefeito Bruno
Covas. Tal lei não apenas prevê a proibição da captura de animais na natureza,
a proibição da reprodução dos animais em cativeiro e a eliminação progressiva
da exposição de animais ao público, como também estabelece que zoológicos e
aquários não sejam mais instalados em São Paulo e que os existentes fiquem
fechados ao público para o descanso dos animais por pelo menos dois dias
(embora alguns dos artigos do projeto original tenham sido vetados antes de a
lei ser aprovada).
Essa lei foi escolhida pelo fato de que ela foi proposta por
um político da família Tripoli, cujo sobrenome vem aparecendo há tempos em
iniciativas contra os circos, os rodeios, as vaquejadas e agora contra os
zoológicos.
Se essa lei em questão (assim como as demais) não é uma
iniciativa para depenar gradativamente o zoológico de São Paulo para que um dia
ele seja fechado, não sei o que mais é. Sinceramente.
Por que pelas falas de Xexéu Tripoli, percebe-se que nas
entrelinhas ele diz o seguinte: que zoológico legal não tem animal. Quando
estamos falando de políticos como ele, ou mesmo de pessoas como a Luísa Mell,
temos que nos ater ao que eles dizem nas entrelinhas. Geralmente, eles dizem
isso debaixo de um discurso verborrágico que, à primeira vista, parece lindo de
se ouvir. Mas é como diz o velho ditado: de boas intenções o inferno está
cheio.
Foto – Folhetim eleitoral de Xexéu Tripoli para as eleições de 2020. Claramente se apresentando como defensor de animais.
É como o Vágner Ávila disse certa vez na página “zoológicos
do Brasil” em postagem de 2020. Se depender de pessoas como ele e a Luísa Mell,
só nascerão em São Paulo pombos, ratazanas e cães e gatos de rua. Ou seja, só
animais repulsivos e nojentos dos quais as pessoas querem o máximo de distância
possível.
O senhor Tripoli também disse o disparate de que é possível
substituir os atuais modelos existentes por similares digitais. Mas como ele
quer que uma pessoa crie empatia com o animal tendo contato não com um animal
de verdade, mas com animais em formas de hologramas tecnológicos? Impossível.
Pois se lermos as histórias de vida de grandes conservacionistas, como o finado
Steve Irwin, nós percebemos que estes tinham alguma forma de contato com
animais. E com animais reais, não virtuais.
Pelas entrelinhas, o discurso de pessoas como o Xexéu
Tripoli deixa subentendido que ele é a favor de uma espécie de apartheid entre
homens e animais. Do jeito que os donos do poder mundial, do alto de projetos de
controle e engenharia social como os infames Grande Reset e Agenda 2030, gostam
e almejam.
E ai eu pergunto: antes, essa gente falava que “circo legal
não tem animal”. Hoje, eles já começam a falar (ainda que nas entrelinhas, pelo
menos por enquanto) que “zoológico legal não tem animal”. E lá na frente, quem
não me garante que eles não vão começar a dizer que “fazenda legal não tem
animal”, ou mesmo que “casa legal não tem animal”? E o que é pior: com uma
turba fanatizada batendo palmas para tais propostas, não se dando conta do real
propósito de toda essa política e que um dia eles podem ser a próxima bola da
vez?
E é sempre assim. Eles sempre evocam inúmeros pretextos para
levar adiante seus projetos de engenharia e controle e social e assim
estabelecer legislações cada vez mais draconianas sobre nós. Na questão do
cigarro e da bebida alcoólica, evocam questões de saúde pública; na questão do
idioma, primeiro evocaram questões de racismo e discriminação a minorias ao
dizerem que é errado chamar favela por seu próprio nome, ou de usar palavras e
expressões como denegrir e “a coisa está preta”, e agora evocam homofobia e
transfobia para justificar a introdução de um gênero neutro inexistente no
português (gênero esse que é usado para se referir a coisas e objetos nos
idiomas que o usam, como o alemão, o inglês e o russo); o bem-estar dos animais
nas campanhas contra circos, rodeios, vaquejadas, zoológicos e outros
estabelecimentos que usam animais. Entre tantos outros exemplos que aqui podem
ser listados.
Será que por trás de projetos como o de Xexéu Tripoli não há
interesses maiores? Como, por exemplo, interesses de um dia livrar-se de zoológicos
e aquários para que atividades como a especulação imobiliária tomem conta
desses espaços? Algo similar ao que foi feito na Cracolândia depois da ação
levada adiante pelo então prefeito João Doria, em 2017? Reiterando que isso se
trata de uma especulação de minha parte.
Recentemente, tomei conhecimento a respeito do trabalho da
adestradora de grandes felinos Felicia Frisco, dos Estados Unidos. Ela se
tornou famosa, entre outras coisas, por tirar uma foto deitada em uma cama ao
lado de um tigre em 2011. Por conta disso, ela foi submetida à época a um
verdadeiro linchamento virtual nas redes sociais.
No perfil do Facebook dela, em uma postagem feita em 2012,
ela postou a seguinte imagem, na qual ela está ao lado de um de seus tigres:
Foto – Felicia Frisco ao lado de um de seus tigres de estimação, sobre o que ela mais odeia. Foto de 2012.
Nessa imagem, ela traz a seguinte mensagem: “O que eu mais
odeio? Tendo que viver com medo de que alguém em algum lugar irá tentar e
passar uma lei para tirar tudo o que você ama”.
Em minha humilde opinião, essa situação sobre a qual a
adestradora de grandes felinos fala é execrável. Entretanto, eu discordo em
partes dela. Pois para mim há algo ainda mais execrável e abominável: o mais
execrável e abominável de tudo não são essas leis (como a do Xexéu Tripoli e
outros políticos da laia dele) por si mesmas, mas as pessoas que batem palmas
para esse tipo de lei e ainda por cima acham isso lindo. Sem se dar conta de
que elas podem ser as próximas a serem atingidas por leis desse tipo.
Essas pessoas são que nem o Mussum em um quadro antigo dos
Trapalhões, no qual ele e o Dedé estão em um consultório. Uma recepcionista
aparece, dizendo para os dois esperarem só um minuto para serem atendidos.
Mussum esbraveja, dizendo que ninguém lhe perguntou nada. Dedé, segurando um
jornal nas mãos, questiona o mau humor de Mussum e uma discussão entre os dois
começa. Dedé se queixa dos recentes aumentos dos preços de produtos. Algo que
Mussum aprova, sempre dizendo ao final de suas falas que “O governo está certis”.
Até que ele fica sabendo por meio de Dedé que o mesmo governo também aumentou o
preço da cachaça (que o Mussum carinhosamente chama de mé). Ai o Mussum começa
a maldizer o mesmo governo ao qual ele até então batia palmas.
E um desses Mussums da vida, pelo que eu vejo, é o Ary Borges, criador paranaense que se notabilizou por ter criado tigres no quintal da própria casa no começo dos anos 2010. Recentemente, visitei o perfil dele no Facebook, e vi uma postagem dele do ano retrasado na qual ele endossa iniciativas e projetos de leis dos irmãos Tripoli de proibir não apenas os circos com animais, como também rodeios e vaquejadas. Ou seja, percebe-se que ele não aprendeu nada do incidente no qual o IBAMA visitou a casa dele em 2014 e confiscou todos os tigres dele.
Hoje ele bate palmas para os irmãos Tripoli por eles
proibirem animais em circos e por quererem proibir animais também em rodeios e
vaquejadas. Mas o que ele irá achar na hora em que, por exemplo, os mesmos
irmãos Tripoli ou algum político da mesma laia deles resolverem dobrar a aposta
e passar uma lei na qual a exportação de animais exóticos ao Brasil (ou seja,
algo similar ao projeto de lei Usark – sobre o qual falaremos de forma mais
detalhada em uma postagem em separada) seja proibida e que o impossibilite de
que um dia ele volte a trabalhar com grandes felinos ou qualquer outro animal
selvagem? Não estou aqui para mudar a opinião dele a respeito dessas
atividades. Apenas quero que ele pare de ficar aplaudindo esse tipo de lei (que
inevitavelmente escalona, e inevitavelmente o atingirá de alguma forma).
Pois se hoje um dos irmãos Tripoli diz nas entrelinhas que
zoológico legal não tem animal, o que dirá do canil de grandes felinos como o
que ele tinha há muitos anos.
Foto – Ary Borges.
Fontes:
Ações de Dória abrem caminho para o Mercado imobiliário.
Disponível em: Ações
de Doria na Cracolândia abrem caminho para o mercado imobiliário - CartaCapital
80% of the
animals “rescued” from circuses died after Mexico Green Party bill became law
(em inglês). Disponível em: 80% of the animals “rescued” from
circuses died after Mexico Green Pary bill became law - The Mazatlan Post
Engenharia da complacência. Disponível em: Engenharia da
complacência – SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA (olavodecarvalho.org)
Gleisi Hoffmann: “Lava Jato destruiu a economia e se
transformou em uma farsa”. Disponível em: UOL
Notícias - Gleisi Hoffmann: "Lava Jato destruiu a economia e se
transformou em uma farsa" | Facebook
Projeto de lei do Senado nº 650, de 2015. Disponível em: PLS
650/2015 - Senado Federal
Prefeito de São Paulo sanciona lei que proíbe a abertura de
novos zoológicos. Disponível em: Prefeito
de SP sanciona lei que proíbe abertura de novos zoológicos | Agência Brasil
(ebc.com.br)
Projeto de lei prevê fim dos zoológicos de interior.
Disponível em: Projeto de
lei prevê fim dos zoológicos de interior - YouTube
Projeto de lei prevê o fim de zoológicos em cidades que não
sejam capitais. Disponível em: Projeto
de lei prevê o fim de zoológicos em cidades que não sejam capitais - Jornal de
Pomerode
Projeto de lei quer acabar com zoológicos de cidade de
interior. Disponível em: Projeto
de lei quer acabar com zoológicos de cidades do interior - YouTube
Projeto que proíbe novos zoológicos e aquários em São Paulo
é aprovado. Disponível em: Projeto
que proíbe novos zoológicos e aquários em São Paulo é aprovado - Câmara
Municipal de São Paulo (saopaulo.sp.leg.br)
Pronunciamento de Gleisi Hoffmann em 07/12/2017. Disponível
em: Pronunciamento
de Gleisi Hoffmann em 07/12/2017 - Pronunciamentos - Senado Federal